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Foto do escritorCristiane d'Avila

Domingo, 29/05/1921

Atualizado: 14 de jun. de 2021

Coluna Bilhete


Transcrição


Ao Bom Senso. – Meu caro amigo. Como Bom Senso, você dispensa as palavras de elogio ao modo por que decide os casos, resolve as questões, impõe a sua força vencedora. Você é o Bom Senso! Mais: você é o Bom Senso brasileiro, quer dizer (perdão para o patriotismo) um pouco mais inteligente ainda que o dos outros. Se, porém, você pode ter o bom senso de dispensar as palmas das vitórias, os seus fiéis soldados têm o direito de mostrar que acertaram.

É o caso da crise furiosa de jacobinismo contra portugueses, que graças à leviandade balofa do Sr. Epitácio e ao cretinismo do macróbio perverso que se chama Geminiano sacudiu durante meses o Brasil.

Esse movimento cavatório, exploratório e idiota também, começou, ou antes intensivou-se quando eu estava na Europa, assistindo de vez em quando aos desfrutes do Epitácio, cidadão que não hesita em caluniar como os jornalistas de quinta ordem. À minha chegada vi com desvanecimento que todos os vencidos, todos os mariolas [COB1] do bandinho atrevido insultavam-me, atribuindo-me unicamente várias mentiras, porque eu depois da minha terra amo e respeito um dos maiores povos da terra que é o português e me orgulho de descender dessa nobre, honesta e valorosa gente, mãe e irmã, formadora e amiga do meu país.

As intrigas e as infâmias, quando fundei este jornal de independência e de verdade que tem de ser a expressão do Novo Brasil, redobraram. O povo concordava comigo, consagrava aceitando a forma da sua opinião que é A Pátria. Era preciso mais? Eu fui mais uma vez para essa cáfila desprezível tudo quanto pode haver de ruim, e A Pátria na boca dos Calamares e outros patetas era vendida, era sustentada por portugueses – para ter as opiniões que eu tenho desde que escrevo em jornais, isto é: há 20 anos!

Mas nós estávamos com você, meu caro Bom Senso. Não morremos de caretas e continuamos a combater o bom combate. O jacobinismo existia, porque enquanto a vaidade pueril do Sr. Conde Affonso Celso e a impertinência cangaceira do Sr. Epitácio lhe davam auxílio às histerias o público ria da sem importância dos “autores do movimento”...

A Pátria mostrou as ignóbeis injustiças, provou o mal que a estupidez jacobina contra portugueses fazia ao crédito moral do Brasil, pátria de liberdade, pátria de fé e esperança, pátria cuja história se ligava à radiante história de um povo heroico.

Os que riam da sem importância dos Calamares viram a verdade.

Se com impudente cinismo o “novidades sem rival” do lusofonismo apelava com ares de crente para o catolicismo, fé brasileira, o ilustre cônego Rangel e S. Eminência o Cardeal Arcoverde publicamente são contra os frenéticos palermas.

Se, com insolência provada, os exploradores queriam envolver o nobre ardor patriótico da mocidade brasileira, os moços das escolas protestam contra a chantagem, gritam o seu forte nacionalismo batendo o vesgo ódio jacobino.

E por todos os lados o bom senso brasileiro diz o basta! a essa covardia de uma baderna com proteção de um Tropoff de cabidela, a essa sinistramente pândega Ação da Tolice, que ataca e insulta portugueses.

Bom Senso. O jacobinismo tem de acabar. Ele agoniza. Deixe você que repitamos a nossa prece de todo dia: “Que Deus não nos falte com o Bom Senso!”


João do Rio


[COB1]http://www.aulete.com.br/mariola

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