Coluna Bilhete

Transcrição
A Z., homem de bom senso – Sim, meu caro senhor, não só não desanimo, como não duvido que todo o Brasil sensato está comigo. Não voltei à direção de um jornal, depois de saber por experiência demorada o posto de crucificação que ele é, senão por sentimentos de fé patriótica. A conferência e o livro são sempre quase nada diante de um jornal. E este jornal, sem ligações de espécie alguma, tem de ser o semeador das nobres ideias e a defesa do bom senso.
A campanha jacobina é no gênero ingratidão, no gênero irresponsabilidade, no gênero inconsciência – o que há de completo. Realiza, com o nome de “brasilidade”, a campanha de derrotismo mais extraordinária. Um inimigo nosso, distribuindo dinheiro aos baldes, não conseguiria o que esses patetas, esses levianos e esses criminosos cometem contra o Brasil.
Ainda agora, ao receber a sua carta, eu comparava dois textos, um o da ??? e outro o da verdade. Um dos evangelistas do jacobinismo contra os portugueses escreve na “Sagrada Escritura”, que é o órgão de seita dos Srs. Epitácio Pessoa e Affonso Celso:
“... Hoje, nós não precisamos mais de braços estranhos. Os nossos são necessários para a realização da nossa tarefa social. É uma insídia, uma barla, dizer-se que precisamos do estrangeiro. Tudo hoje é feito por nós como de resto o é essa grande campanha nacionalista que ??? existência da nossa força, a afirmação da nossa ??? e, sobretudo, coroar o êxito do nosso entusiasmo redentor.”
Mas um telegrama de S. Paulo informa:
“A percentagem de crianças estrangeiras que frequentam as escolas públicas é muito maior que de crianças nacionais. São Paulo, por exemplo, para 20 mil crianças brasileiras tem 50 mil estrangeiras. Santos tem 7 mil estrangeiras contra 4.500 nacionais. E assim por diante.”
E o Jornal do Brasil comenta:
“Nem se compreende o desenvolvimento espantoso, que se observa em países recém-abertos pode dizer-se à civilização, como os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil, sem um afluxo destes indivíduos estrangeiros. São Paulo poderia em 15 anos ter dobrado a sua população, se não fossem os colonos italianos e de outros Estados europeus que para ali foram?”
Movimento jacobino no Brasil:
“Nós precisamos precaver-nos contra as raças de presa, contra o japonês insidioso, de penetração pacífica; contra o americano, que compra tudo e fica com tudo. Mas temos de abrir os braços ao braço estrangeiro, temos de chamar gente. E nesse aluvião necessário é pedir a Portugal a maior quantidade de imigração, para manter o tipo da nossa raça, manter a nossa língua e, num futuro próximo, realizar com o Brasil o destino político da Raça Oceânica – destino de domínio sul-atlântico.
Essas é que são as ideias sensatas. Quanto a desaforos, eles só demonstram a indigência mental de quem os diz. E eu conheço a capangada...
De você grato.
João do Rio
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